Entrevista Com Yamandu Costa


Por Henrique Inglez de Souza

Na sexta-feira do dia 3 de Abril, houve uma série de três apresentações que homenagearam o violão brasileiro contemporâneo e seu repertório. A temporada, batizada ‘Só Embola Se Der Mole’, aconteceu no Auditório Ibirapuera (SP) e se estendeu pelos dias 4 e 5 de abril.

Violonistas conceituados e de respeito tornaram o espetáculo imperdível. São eles Yamandu Costa, Alessandro Penezzi, Fabio Zanon, Marcello Gonçalves, Marco Pereira, Rogério Caetano e Zé Paulo Becker.

Uma das atrações de ‘Só Embola Se Der Mole’, Yamandu Costa conversou com o site Guitar Player. Falou do disco Lida (2007). Além disso, o violonista gaúcho revelou algumas de suas particularidades. Confira o papo a seguir:

Em ‘Lida’, assim como na turnê, você usa a formação de violão, violino e baixo acústico. Por que essa escolha?

Pela duração de notas que o violino proporciona. Todas as músicas que são mais melódicas desse disco, eu compus as partes de violino cantando. São canções sem letra e o violino assume o papel da voz. Também optei por essa formação por influência de Django Reinhardt.

Foi fácil fazer esse disco?

Foi simples, nada muito pensado, intelectual. Entrei no estúdio com os músicos [Nicolas Krassik (violino) e Guto Wirtti (baixo acústico)] para um experimento e gostei tanto da sonoridade que gravamos em dois meses. Rápido.

Que violão você está usando?

Um violão de sete cordas francês que comprei em Paris há pouco tempo, feito pelo luthier Pappalardo. Ele tem uma projeção de som muito boa, de violão clássico mesmo.

E sua afinação, qual usa?

É muito interessante essa questão da afinação, pois todo violonista tem a sua. No meu caso, uso afinação um pouco mais alta.

Qual é a presença da música argentina em sua formação?

Muito forte. Na verdade, faço parte de um país que não existe. Sou de uma região do Brasil que também é Uruguai e Argentina. A cultura é a mesma, que é a cultura gaúcha. Sem fronteira.

Há espaço para gravar um disco em que você também cante?

Sim, não vejo problema nisso, pois me criei cantando. O primeiro instrumento que aprendemos é a voz.

Você acha que a internet ajuda a aumentar o alcance da música instrumental no Brasil?

O país muda muito, positivamente. Vejo muita coisa acontecendo e, ao contrário do que se pensa, há muito músico novo aparecendo. Estamos tendo mais informação. A internet é um meio de divulgação impressionante.

O que representa tocar violão para você?

É um universo gostoso. Violão é o idioma que não existe, é o que quero transmitir. São as minhas emoções à flor da pele sem vergonha de se despirem e mostrarem como são. O palco é um lugar sagrado e de entrega, onde estou para mostrar o que sinto em relação à música.

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Autor: Diego Camargo

Editor chefe do Progshine

2 comentários em “Entrevista Com Yamandu Costa”

  1. O Yamandu é fera. Lançou dois discos nos últimos anos que são muito bons. Se ele não tivesse esse lado mais regionalista, diria que ele é uma mera cópia do grande Raphael Rabello.

    Diego, valeu pela força, cara. O progshine já está nos meus favoritos.

    Abração!

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