40 Anos De Jethro Tull


jethro-tull-60s-440 Anos de Jethro Tull – 01/02/08
Por Lucas Rafael Ferraz

Em 1968, uma banda com uma formação um tanto inusitada para a época, pois trazia um flautista como frontman, lançou seu primeiro álbum. Hoje, há 40 anos, o Jethro Tull é um clássico, tendo influenciado incontáveis músicos pelo mundo, e ganhou a admiração e respeito de milhares de fãs.
Neste artigo falarei um pouco sobre essa banda e sua trajetória, é minha maneira de fazer uma homenagem a esses músicos (de todas as formações) e a essa banda única, em seu quadragésimo aniversário.

A história da banda começa antes de seu início, por assim dizer, já que vários dos músicos que vieram a fazer parte das suas diversas formações nos anos 70 já se conheciam e tocaram juntos em meados dos anos 60. Eram eles o próprio flautista Ian Anderson, o tecladista John Evan, o baterista Barriemore Barlow, e o baixista Jeffrey Hammond-Hammond. Eles tocaram juntos na banda The Blades e mais tarde na The John Evan Band. Quando essa última mudou de nome, e se trasformou em John Evan’s Smash, o baixista Glenn Cornick assumiu o lugar de Jeffrey.
Mas no início o Tull contava apenas com Ian Anderson como flautista e vocalista e com o baixista Glenn Cornick, aos quais se juntaram o baterista Clive Bunker e o guitarrista Mick Abrahams.

Com essa formação lançaram, em 68, o primeiro álbum da banda, chamado This Was (1968). Álbum esse que tende bastante para o blues, por influência principalmente do guitarrista Mick Abrahams. Mas o disco também tem algumas pitadas de jazz em sua composição, fato evidenciado pela faixa Serenade to a Cuckoo, que é uma música do jazzista Roland Kirk. Kirk foi um grande saxofonista de jazz (conhecido por tocar três tipos diferentes de saxofone ao mesmo tempo), mas ele também era flautista, e um dos primeiros a tocar a flauta e usar a voz ao mesmo tempo, técnica muita usada por Ian.
Essa formação não durou muito tempo. As diferenças musicais falaram mais alto e Mick deixou a banda. Durante pouco tempo Tony Iommi, guitarrista do Black Sabbath, tocou com o Tull, fazendo apenas uma apresentação no The Rolling Stones Rock and Roll Circus, tocando a música Song for Jeffrey. O próximo guitarrista se transformaria num dos pilares do Jethro Tull, segundo integrante mais longevo da história da banda, Martin Barre.

circa 1970:  British folk group Jethro Tull, led by flautist, guitarist, singer and songwriter Ian Anderson.  (Photo by Hulton Archive/Getty Images)

Com essa nova formação foi lançado o álbum Stand Up (1969). Ainda que com influências do blues da fase anterior, o segundo álbum do Tull, com a saída de Mick, deixava Ian mais livre para tocar à sua maneira, e a entrada de Barre trouxe mais peso ao som. Assim foi produzido um dos álbuns com, talvez, o maior índice de clássicos por faixa da história da banda. Entre elas está a famosa adaptação jazzística do quinto movimento da Lute Suite in Em minor de J. S. Bach, chamada Bourée, e a faixa We Used To Know, onde Barre mostra a que veio, com um solo fantástico de guitarra.

Em 1970, John Evan, velho amigo de Ian se junta à banda, e participa, como tecladista, da gravação do Álbum Benefit (1970). Essa foi uma época maravilhosa, ouvir o Tull tocando ao vivo em 1970 é ouvir uma banda jovem fazendo um som forte e conciso, e Ian Anderson tocando flauta de uma maneira única, músicas como With You There to Help Me, Nothing is Easy e My God (que seria lançada no próximo disco) são executadas com muita energia e um som bastante pesado, sem contar a ousadia de Ian na flauta, como pode ser percebido no solo da supracitada My God.

Isso tudo pode ser ouvido em dois discos ao vivo dessa época, o primeiro foi lançado em 1993, na caixa comemorativa do aniversário de 25 anos da banda, e foi gravado no Carnegie Hall, em Nova York. O outro foi lançado em 2004, e se chama Nothing Is Easy: Live At Isle Of Wight (2004). Foi gravado, como o nome já diz, no famoso festival da Ilha de Wight, onde também tocaram The Who, The Doors, Jimi Hendrix, ELP e Miles Davis, entre muitos outros. Esse show também foi filmado e lançado em DVD junto com o CD, e é uma apresentação magnífica.

jethro-tull-70s-1Em 1971 foi a vez de Glenn Cornick deixar a banda, e em seu lugar entrou outro amigo de Ian e John, citado no começo desse artigo, Jeffrey Hammond-Hammond. Jefrrey não era um músico profissional, e teve que treinar muito para tocar com o Tull, mas com certeza ele foi um dos membros mais carismáticos da banda, falava nos shows, lia o jornal/encarte do álbum Thick As A Brick (1972) na turnê de 1972, escreveu e narrava a história da lebre que perdeu os óculos em 1973, etc.

O disco seguinte, talvez o mais famoso deles, por conter a faixa mais conhecida do Tull, Aqualung (1971), tinha o mesmo nome dessa música e foi lançado em 1971. Nesse álbum as letras, escritas por Ian Anderson com a participação de sua primeira esposa Jennie Franks, contém fortes críticas à Igreja e à sociedade, como nas músicas My God, a faixa título e Hymn 43, todas com um som mais forte e intercaladas por músicas acústicas como Wond’ring Aloud, Cheap Day Return e Slipstream. Esse disco foi muito importante na carreira da banda, e talvez seja o grande responsável por faixas como Locomotive Breath estarem o tempo todo tocando em rádios de Classic Rock.

Depois de Aqualung, O baterista Clive Bunker, que vinha com o Tull desde o inicío decide deixar a banda para se casar. Em seu lugar entra Barriemore Barlow, grande baterista que ficaria no Tull até 1980. Com essa formação são gravados os próximos 4 discos, a começar pelo grandioso Thick As A Brick (1972), de 1972. O TAAB, como é carinhosamente chamado pelos fãs, é um álbum conceitual que contém uma única música com duração de 43 minutos de 50 segundos, dividida em duas partes originalmente por causa dos dois lados do LP.

Nesse disco o Tull faz um rock progressivo da melhor qualidade, cheio de mudanças de ritmo, mas com constantes retomadas e reinterpretações do tema principal. Ele é tido até hoje como uma das obras primas máximas do estilo. A letra é um caso a parte, o poema foi escrito por Ian anderson, mas é creditado a um autor fictício, Gerald Bostock, que seria apenas um garoto. Aliás, não só a letra mas o encarte original dos LP’s era um caso a parte. Feito à semelhança de um jornal, cuja manchete é sobre o garoto autor da letra, e com muitas páginas e reportagens, todas vindas das cabeças de Ian, John e Jeffrey. Nos shows da turnê a música ficava num tamanho imenso, chegando a 80 minutos. Isso incluía grandes solos de flauta e bateria, além de uma parada onde Jeffrey lia algumas das notícias do jornal do encarte.

UNITED STATES - SEPTEMBER 26:  Photo of Ian ANDERSON and JETHRO TULL; Ian Anderson performing live onstage,  (Photo by Fin Costello/Redferns)

No mesmo ano também foi lançado o famoso álbum duplo Living In The Past (1972), que é uma coletânea de músicas dos álbuns anteriores, com algumas versões ao vivo, outras nunca lançadas e singles.

A Passion Play (1973), segue a mesma linha do TAAB, uma grande música dividida nos dois lados do LP, mas nesse caso há uma interrupção na música para uma história sobre uma lebre que perdeu seus óculos. “This is The Story Of The Hare Who Lost His Spectacles!”, é assim que John Evan anuncia com irreverência a história narrada por Jefrrey Hammond-Hammond.
O restante do disco é muito bom, Ian toca sax reto em várias partes, e a banda toda está em sintonia e impecável. Há algum tempo foi lançada uma versão do disco com as faixas separadas, resultando em 16 faixas que podem ser ouvidas separadamente, mas juntas formam o disco. Isso nos mostra como esse disco é diversificado, com passagens muito diferentes, mas mesmo assim interligadas.
Não foi um álbum bem criticado, e mesmo entre os fãs não é muito lembrado. Pra mim ele é um dos mais esquecidos, e injustamente, da discografia do Tull e em maior escala do rock progressivo.

War Child (1974) foi o ábum de 1974, e originalmente deveria ter sido um filme. O projeto não foi em frente, mas o disco saiu. E é um bom disco do Tull, contendo a acústica, bela e clássica faixa Skating Away On The Thin Ice Of The New Day, a irreverente Bungle in the Jungle, e a animada The Third Horrah. Que fã do Tull nunca gritou Horrah no começo dessa música? Todas as outras músicas desse álbum são muito boas, com destaque para a faixa título e Ladies.

jethro-tull-70s-2War Child (1974) e o álbum de 1975, Minstrel In The Gallery (1975), estão classificados no site da banda (www.j-tull.com) como “Elizabethan / Medieval / Classical”. Uma classificação interessante, e boa, sobretudo para o Minstrel In The Gallery. A capa do álbum mostra uma festa medieval com um grupo de menestréis tocando ao fundo. A faixa título começa acústica e com Ian cantando para depois ganhar peso com a guitarra de Barre numa grande passagem instrumental muito prog, e por último ir para uma parte mais rápida, onde Ian canta novamente.
Uma belíssima música, em um álbum que trás várias pérolas, como Cold Wind To Valhalla, Requiem e One White Duck / 0^10 = Nothing At All, as três com belíssimos arranjos de cordas, fazem com que a o ouvinte se sinta realmente ouvindo um grupo de menestréis na Inglaterra Medieval. Destaque também para Baker St. Muse, faixa com mais de 16 minutos de progressividade, com um bem trabalhado equilíbrio entre as partes acústicas e elétricas.

Infelizmente, essa época de 1971 a 1975 é a que tem menos registros ao vivo da história do Tull, e os existentes tiveram que esperar até as caixas comemorativas de 20 e 25 anos para serem lançados, junto com algumas outras raridades. Uma das coisas mais importante saiu no disco 2 da caixa de 20 anos, o The Chateau D’ Isaster Tapes, faixa de 11 minutos, que foi gravada com a intenção de ser o álbum que viria depois de Thick as a Brick (1972), mas que acabou sendo retrabalhada e se transformou no A Passion Play (1973). Aliás, segundo o próprio Ian em uma entrevista à uma rádio inglesa, a intenção original era fazer um álbum duplo, que conteria o APP, o Disaster Tapes e mais várias outras faixas, que ficaram esquecidas até serem lançadas em 1993, no álbum Nightcap (1993). Várias dessas faixas passaram a integrar o AAP em algumas partes, e outras originaram músicas como Bungle in The Jungle, do álbum War Child (1974).

Em matéria de vídeos é pior ainda, há um clipe de 75 com a banda tocando Minstrel in The Gallery, em que é possível ver o famoso baixo listrado de Jeffrey e interpretação genial da música por parte de todos. Além desse há um vídeo do Jeffrey contando a história da lebre que perdeu seus óculos.
Mas é claro que um fã persistente e procurando nos lugares certos pode encontrar vários bootlegs desses anos, em uma qualidade não muito boa, mas escutável, e alguns vídeos, a maioria de longe e gravados em Super 8, com qualidade bastante inferior. Mas eu ainda não acredito que não há nada oficial gravado dessa época, e fica a esperança de um dia esse material ser lançado para a alegria dos fãs.

jethro-tull-70s-3Após o Minstrel, Jefrrey Hammond-Hammond aposenta seu baixo e volta a fazer algo que sempre gostou, pintura, que pratica até hoje. Em seu lugar entra o grande baixista John Glascock, que, entre outras, tocou na banda Carmen, que misturava flamenco com rock progressivo. O álbum gravado com essa formação se chama Too Old to Rock ‘n’ Roll: Too Young to Die! (1976), um disco um pouco diferente do resto da produção do Tull, alegre e descontraído, tem músicas muito boas, como a faixa título, Crazed Institution, Taxi Grab, From A Deadbeat To An Old Greaser (com direito a solo de sax de David Palmer) e Salamander, uma bela peça acústica que lembra, em alguns momento, a Cold Wind to Valhalla, do álbum anterior.

Dessa época existem dois vídeos muito interessantes: um especial para uma TV britânica, onde eles interpretam o álbum inteiro, faixa a faixa, e de uma maneira muito irreverente, com Ian vestido como mulher e Barrie Barlow se maquiando em Crazed Intitution, por exemplo. O outro é um show em Tampa, na Flórida, com uma hora de duração (ao que parece é só a primeira parte, a segunda é desconhecida), gravado com muitos closes no Ian, e imagens mais amplas do palco principalmente nas partes instrumentais. É um show memorável, com a banda toda mandando muito bem, com solo de flauta virtuoso, passagem instrumental belíssima na parte inicial do show e finalização com a nona sinfonia de Beethoven! O solo de flauta é no meio de um grande Medley, que era tocado em 75 e 76, e que tinha faixas mais antigas, como A New Day Yesterday, To Cry You A Song, etc.

Nessa época o Tull começou a ter mais contato com o folk. Glascock vinha do Carmen, uma banda folk, e a vocalista dela, Angella Allen, fez backing vocals no disco. Maddy Prior, uma cantora folk inglesa também faz backing vocals nesse álbum, e em 78 teve seu primeiro disco produzido pelo Ian e todos os membros do Tull tocaram nele, em uma ou outra faixa. Com tudo isso, em 1977 a banda decidiu fazer alguma mais voltada pro folk, daí saíram três grandes álbuns, conhecidos como a trilogia de álbuns folk.

Para começar esses trabalhos a banda ganhou o reforço oficial de um novo membro, David Palmer. Disse reforço oficial, pois na verdade David Palmer (que recentemente trocou de sexo e agora atende por Dee Palmer) foi arranjador do Tull desde os primeiros álbuns e, no meu modo de ver as coisas, ele é um dos grandes responsáveis pelos discos da chamada fase de ouro, de fora dos palcos e depois dentro deles também.

Jethro Tull em 1978Com essa formação é lançado o disco Songs From The Wood (1977), uma das obras primas do Tull, com um som muito denso e coeso, como pode ser ouvido logo de cara na faixa título, arranjos muito bem feitos e execução impecável do novo membro David Palmer e dos outros músicos. Contém clássicos como Jack-In-The-Green e The Whistler, onde Ian toca de maneira sensacional uma flauta Thin Whistle, além de faixas que soam muito folk mas também tem um “quê” de música medival, como Hunting Girl e Velvet Green, que começa com um cravo.
Um álbum memorável de uma época única, que foi imortalizada também em vídeo, num especial gravado no mesmo ano para a BBC de Londres, talvez um dos melhores registros do Tull ao vivo, e infelizmente ainda não lançado oficialmente também.

No ano seguinte é a vez do álbum Heavy Horses (1978), que segue com o mesmo estilo do Songs From The Wood, com faixas como One Brown Mouse, com sua letra singela, a bela Wathercock onde o cantor conversa com um galinho do tempo, daqueles que mudam de cor quando vai chover. Mas nem só de músicas acústicas é feito esse álbum, a faixa título é mais pesada, com forte presença da guitarra de Barre, que em certo ponto parece cantar junto com a voz do Ian. No Lullaby é outra faixa marcante do álbum.

Nesse ano também é lançado o álbum ao vivo mais famoso do Tull, o duplo Live – Bursting Out! (1978). Esse álbum é feito de faixas de diferentes apresentações da turnê européia de 1978, e nos mostra uma banda no auge da boa forma, tocando de maneira incrível seus maiores sucessos, músicas dos novos álbuns e algumas instrumentais como Conundrum e Quatrain, que eram tocadas ao vivo correntemente. Desse mesmo ano data um show no Madison Square Garden, em Nova York, que foi televisionado por uma emissora italiana. Um grande show, em que faz falta a figura de John Glascock. John se encontrava doente, assim Tony Williams, um velho conhecido de alguns membros da banda, assumiu o posto de baixista durante alguns shows, e desempenhou bem esse papel.

Para fechar a trilogia folk, em 1979 foi lançado o álbum Stormwatch (1979). Apesar de ser considerado um dos álbuns folk, o som dele difere um pouco dos seus dois antecessores. É um álbum um pouco mais obscuro, com uma certa dose de melancolia. Contém músicas maravilhosas, como North Sea Oil, Orion e Dun Ringill, além da belíssima Home e da maravilhosa peça chamada Elegy, uma das poucas em que John Glascock tocou. Essas duas músicas são umas das mais emotivas do Tull. Mas a grande música do disco é Dark Ages, ela começa devagar, com uma letra bastante pessimista, e depois vai aumentando aos poucos até ganhar volume e ficar mais rápida. Com maravilhosas passagens instrumentais, é uma das músicas progressivas mais fortes e belas da banda. Há um vídeo dessa época de um documentário da BBC chamado Lively Arts (com o Glascock tocando junto) das músicas Sweet Drams e Dark Ages, é fantástico ver a banda no palco e ao mesmo tempo é triste pensar no que viria a seguir, pois em 79 também aconteceu algo triste na história do Tull. John Glascock se encontrava internado por problemas cardíacos e a maioria das partes de baixo do Stormwatch (1979) foram tocadas pelo próprio Ian. A turnê do álbum começou com um baixista substituto, Dave Pegg, que tocaria por muito tempo na banda. No meio da turnê John Glascock morreu. Era o começo do fim da chamada Era de Ouro do Jethro Tull.

jethro-tull-80s-1No final da turnê, Barriemore, muito abalado com a morte de John, já que eram bons amigos, e também, dizem alguns, motivado pelas diferenças musicais com Ian, que queria que as músicas fossem tocadas ao vivo iguais às versões de estúdio e não era muito receptivo à sugestões de mudança nos arranjos, deixou a banda. Nesse período Ian estava gravando o que deveria ser seu primeiro disco solo, e para esse projeto convidou o músico Eddie Jobson, grande tecladista e violinista, que já havia tocado com Curved Air, Frank Zappa e UK, entre outros, convidou também o baixista Dave Pegg, o baterista Mark Craney e o guitarrista do Tull, Martin Barre. O disco ficou pronto e ganhou o nome de A (1980) (A de Anderson), mas a gravadora gostou muito do material e acabou divulgando-o como o novo álbum do Tull, e assim ele foi lançado. Com isso, David Palmer e John Evan deixam a banda, que começa a fazer shows com a nova formação.

O disco A deu novos rumos à música do Tull, até porque não foi originalmente gravado como um disco do Tull. Nele os experimentos eletrônicos ganham força, o que não significa um som ruim, apenas diferente do que o Tull vinha fazendo, com grande presença dos teclados de Eddie Jobson. A faixa Black Sunday é uma das grandes músicas desse álbum, com a letra cantada de maneira rápida, é uma música que começa lenta pra depois ganhar um bom ritmo, com Ian, Martin e Jobson muito bem entrosados, ótimas passagens instrumentais de teclados, e solos de guitarra e flauta, com uma passagem lenta no meio com ótimos climas criados por Eddie. O baixista Dave Pegg (Aliás, o trio Ian-Martin-Dave irá durar até 95), vindo da banda folk Fairport Convention, e o baterista Mark Craney também tocam de maneira incrível nesse disco. O baixo de Pegg se faz muito presente, o que pode ser visto logo no começo da faixa Protect And Survive, faixa bastante tocada pelo Tull em shows mais recentes. Outras faixas que merecem destaque são The Pine Marten’s Jig, que soa bastante folk e onde Eddie mostra como toca violino de forma espetacular, além de Fylingdale Flyer, Uniform e Crossfire.

Foi lançado um vídeo dessa época, chamado Slipstream, que recentemente saiu em DVD, que contém um show e vários clipes. O show é muito bom, ouvir Heavy Horses com violino junto, ao vivo, é simplesmente fantástico. Os clipes também são interessante, e alguns bastante engraçados, como o da música Too Old To Rock ‘n’ Roll: Too Young Too Die, gravado 4 anos após o disco homônimo, que mostra a banda toda vestida de velhos, ou o da música Sweet Dreams, com Ian interpretando um vampiro.

Mark Craney deixa a banda depois do A, e Eddie Jobson, que sempre foi um “andarilho”, segue seu caminho, que ainda iria se cruzar com o do Tull por mais uma vez. O baterista Gerry Conway entra no lugar de Craney. O ano 1981 é o primeiro ano em que a banda não lança um disco, e fica inativa, com apenas algumas sessões de gravação onde os músicos se reúnem. Várias músicas dessa época são lançadas anos depois no CD 2 do disco Nightcap.
Em 1982 Peter-John Vettese ocupa o cargo de tecladista e é lançado o décimo quarto álbum de estúdio do Tull. O The Boadsword And The Beastie (1982) é um álbum em que a banda tenta retornar ao Folk que estava sendo feito até Stormwatch, e apesar de conter muita influência eletrônica do disco anterior, conseguiu ser um trabalho bem equilibrado entre esses dois estilos, resultando numa nova sonoridade e num álbum muito bom. A única coisa que me incomoda um pouco nele é a bateria eletrônica, que segue sempre um ritmo “eletrônico” demais, por mais que isso soe redundante, acho que vocês me entendem. O disco começa com Beastie, que fala da besta da capa num ritmo sombrio, já a Broadsword fala da espada, e num tem um clima mais nobre, por assim dizer, mais heróico, e as duas com ótimos solos de guitarra. Flying Colors é um dos pontos altos do disco, junto com Pussy Willow, e a pequena e bela Cheerio, que fecha o disco.

jethro-tull-80s-2Gerry deixa a banda pouco após a gravação, e o Tull tem uma participação especial numa apresentação em Londres: Phil Collins, baterista da banda Genesis. Há um vídeo dessa apresentação, com duas das músicas tocadas: Jack in The Green e Pussy Willow. Para a turnê desse ano é contratado o baterista temporário Paul Burgess. Os shows dessa época são muito bons, a banda com uma ótima pegada, tocando as músicas do Broadsword e sons da fase folk, como Songs From The Wood, Heavy Horses e One Bronw Mouse, além dos clássicos da discografia Tulliana. Também era tocado nos shows um dueto fantástico de teclado e bateria, com Peter e Paul mandando muito bem. Os vídeos também são muito bons, tem um na Alemanha que mostra uma grande performance, o Ian fazia coisas interessantes na época, como aparecer cantando a música Beastie com um bonequinho do personagem da capa do disco nas costas, e em Broadsword trazia uma espada. O show da Alemanha não tem isso, que ainda não tive oportunidade de ver senão em fotos. Após a turnê do disco, Paul Burgess deixa a banda, e em 1984 começam os trabalhos do novo álbum.

Na década de 80 muitas bandas dos anos 60 e 70 ficaram um pouco perdidas musicalmente, num cenário que estava se tornando pouco receptivo ao virtuosismo do rock progressivo, com a ascensão do punk rock e da música pop. O Tull não foi exceção. ou primeiros álbuns da década tiveram um grande influência eletrônica, mas ainda assim se mantiveram num bom nível, entretanto, em 1984 os experimentos com música eletrônica atingiram seu ponto máximo, resultando no álbum Under Wraps (1984). O UW é um disco com muita música eletrônica, teclados e samplers, e onde reina absoluta a bateria eletrônica, programada pelo próprio Ian, já que não houve nenhum baterista envolvido na gravação do álbum. A guitarra e o baixo chegam a ficar em segundo plano, e às vezes é difícil identificá-los, e a flauta é pouco utilizada. Resumindo, e um álbum com grande queda de qualidade, e que soa extremamente datado, mas algumas músicas como European Legacy, a acústica Under Wraps #2 e Nobody’s Car são menos ruins. Nos shows dessa época Doane Perry começa a tocar bateria na banda, e está no Tull até hoje, e Gerry Conway faz algumas participações como músico convidado até 1988.

No mesmo ano foi gravado um ao vivo que foi lançado só em 1990, chamado Live At Hammersmith ’84. No disco podemos ver que a guitarra de Barre nos shows dessa época está muito pesada. É um disco ao vivo bastante interessante, onde são tocados vários clássicos, e mesmo com toda tecnologia envolvida no último disco, Ian e companhia mostram que não perderam o antigo “jeito Tull” de tocar, como em Locomotive Breath.
Ainda em 1984 foi gravado outro ao vivo, chamado A Classic Case, lançado no ano seguinte. É um disco em que o Tull toca com a Orquestra Sinfônica de Londres, regida pelo ex-membro da banda David Palmer, resultando no único álbum completamente instrumental da banda. E a mistura foi muito bem feita, a banda tocando muito e em completa harmonia com a Orquestra, o que não poderia ser diferente, pois David Palmer fez os arranjos pra Orquestra além de regê-la.

1988bEm 1985 ocorreu um show que merece ser lembrado, o Bach-Rock, ocorrido em Berlim em homenagem ao aniversário de 300 anos de J. S. Bach. Nele está presente Eddie Jobson, que tocou com o Tull em 80, e aparece como convidado especial nos teclados e violino. O show foi aberto com Black Sunday, música da época do disco A, e seguiu com vários clássicos do Tull, até chegar em Bourée, música que não poderia faltar num show como esse, e com Soirée grudada nela. Logo após veio a adaptação de Concerto Para Dois Violinos, de Bach, ou Bach’s Double Violin Concerto. Não havia dois violinistas no palco, mas Eddie tocou o seu violino maravilhosamente e Martin fez a parte do outro na guitarra, e todas as outras partes da música são fenomenais, mostrando os músicos tocando com muita técnica e fazendo um som sensacional. Bach deve ter adorado, esteja onde estiver. No meio da música Ian sai do palco e a música muda de repente pra Parabéns pra Você, logo após Ian volta com um chapeuzinho na cabeça, soprando uma língua de sogra e com um bolo de aniversário no ombro direito, com três velas acessas. Chega perto de Eddie e ele apaga duas delas num soprão, e o Ian se encarrega de apagar a terceira com a língua de sogra! Uma das cenas mais engraçadas de um show muito bom do Tull, que termina com os versos finais de Thick As A Brick.

De 1985 até 1987 a banda estava inativa, com os membros se reunindo para poucos apresentações e sessões de gravação. E entre eles se encontrava o violinista Ric Sanders, que como Dave Pegg e Gerry Conway, é membro do Fairport Convention, e gravou participações no disco de 1987.

O período de inatividade serviu pra que Ian tratasse um problema na garganta, adquirido na turnê do Under Wraps. Então, em 1987 o Jethro Tull volta de maneira surpreendente, com o álbum Crest Of A Knave (1987). Neste disco Peter-John Vettesse se afasta da banda, e o próprio Ian se encarrega dos teclados e da programação da bateria eletrônica de três faixas, Doane Perry toca em duas faixas e Gerry Conway em quatro. Ric Sanders, o violinista supracitado, gravou com a banda como músico convidado nas faixas Budapest e The Waking Edge. Dave continua firme no baixo, e Barre toca de maneira sensacional neste álbum, que tem uma sonoridade mais pesada e se baseia muito em sua guitarra.
Nesse álbum Ian opta por baixar os tons da música para cantar num tom mais baixo, devido ao problema em sua garganta. Essa mudança e a falta de um tecladista na gravação do álbum fizeram com que guitarra de Barre tivesse mais peso e presença nesse disco. O álbum começa com Steel Monkey, com bateria eletrônica, mas muito melhor que a do álbum anterior. A faixa é num ritmo rápido, com um belo solo de guitarra. Said She Was A Dancer rendeu ao Tull a comparação com a banda Dire Straits, e realmente a faixa lembra bastante, devido ao tom de voz em que Ian canta e mesmo ao modo como Martin toca a guitarra. Budapest é a grande estrela do disco, com 10 minutos de duração, a faixa tem um clima calmo e começa acústica, pra depois ganhar peso com a guitarra de Barre e um toque de beleza do violino de Ric Sanders. Um clássico do Tull pós setentista. Outras ótimas faixas são Farm On The Freeway, Jump Start e Mountain Me. Aliás, esse disco todo é ótimo.

jethro-tull-89E foi isso que a academia do Grammy Awards também achou, e deu o prêmio ao Jethro Tull em 1989, mas a categoria na qual a banda venceu gerou polêmica. O Crest Of A Knave ganhou o prêmio por Melhor Performance de Hard Rock/Heavy Metal, categoria na qual a banda Metallica era a favorita com seu disco …And Justice For All. E convenhamos, o Tull estava com um som mais pesado, mas nunca chegou perto de ser Heavy Metal, foi uma premiação realmente estranha. Um tempo depois a banda mandou publicar uma figura de uma flauta colocada entre várias barras de ferro e a frase ambígua “The Flute is a (Heavy) Metal Instrument”, com a palavra Heavy rabiscada em cima da frase. Nos shows do final de 1987 o tecladista Don Arey tocou com a banda, e também o convidado Ric Sanders.

Em 1988 ocorreu um lançamento muito importante, a caixa especial em comemoração dos 20 anos da banda. A caixa contém 62 músicas, divididas em 3 CD’s, são eles: CD 1 – Radio Archives and Rare Tracks, CD 2 – Flawed Gems and Other Sides Of Tull e CD 3 – The Essential Tull.
O primeiro CD começa com várias faixas de sessões da BBC, incluindo um cover de Stormy Monday Blues, de T. Bone Walker, também trás algumas músicas da época do álbum The Boadsword and The Beast, que ficaram de fora do disco, como Jack Frost And The Hooded Crow e Too Many Too. Contém ainda várias músicas só lançadas até então em singles e compactos, como 17, One for John Gee, King Henry’s Madrigal, e as duas do primeiro compacto da banda (que saiu com o nome errado: Jethro Toe), chamadas Aeroplane e Sunshine Day, entre várias outras raras e algumas versões ao vivo.

O segundo CD trouxe mais 5 faixas que ficaram de fora do Broadsword, como a bela Jack-A-Lynn e a alegre Mayhem Maybe, além de várias faixas gravadas entre 1977 e 1979, e até então inéditas, como Beltane, Crossword, e uma que eu adoro, Kelpie. Part of The Machine é outra faixa lançada apenas num single, e foi a última participação de Gerry Conway na banda. Há também outras faixas mais antigas, e entre elas a mais importante é The Chateau D’Isaster Tapes, gravação de 1972 que tinha o propósito de ser o disco de 1973, como já dito anteriormente.
O terceiro CD tem uma coletânea de clássicos da banda, com algumas versões ao vivo. Também foi lançado um CD que é uma coletânea do material dos três CD’s descritos acima, além de um vídeo, que contém entrevistas com pessoas que passaram pela história da banda, fãs, o próprio Ian, etc. Além disso tem clipes e cenas de shows, como a música To Be Sad Is Mad Way To Be, no começo de 1969, em uma das primeiras apresentações de Martin Barre com a banda, o clipe da música The Whistler, três músicas do famoso show de 1978 no Madison Square Garden (Thick As A Brick, Songs From The Wood e Aqualung), e ótimos clipes de Heavy Horses e Budapest, entre outros.

Para a turnê dos vinte anos, Martin Allcock se junta a banda nos teclados. A banda agora era composta por Ian Anderson, Martin Barre, Doane Perry, Dave Pegg e Martin Allcock. Em 1989 essa formação lança um novo disco, chamado Rock Island (1989), que conta com a participação especial de Peter-John Vettese em algumas faixas.
jethro-tull-1990Rock Island é um disco em que a banda dá continuidade ao trabalho realizado no álbum anterior, com um som mais pesado, cheio de riffs e solos de guitarra e de flauta. Tem músicas maravilhosas, como a faixa título, com um solo de guitarra seguido de um solo de flauta, ótimas linhas de baixo e Doane muito bem na bateria, tanto nas partes pesadas quanto nas lentas. As músicas The Rattlesnake Trail e Heavy Water também merecem destaque, além da bela Another Christmas Song.
Em 1991 o álbum Catfish Rising (1991) é lançado. É um disco muito interessante, uma mistura muito boa do hard dos discos anteriores com pitadas de blues e folk, tem um clima meio sombrio, urbano por assim dizer. Martin Allcock não participa do álbum, que contou com diversas participações especiais, como John Bundrick, que entre outros tocou com o The Who, nos teclados. Também nos teclados tocaram Foss Paterson e Andy Giddings, que mais tarde faria parte do Tull, Matt Pegg, filho do Dave, tocou baixo em três faixas e Scott Hunter tocou bateria em uma faixa. Allcock fez shows com a banda esse ano, ao final do qual deixou o Tull.
Rocks On The Road é uma grande música desse álbum, e passa bem a idéia do clima urbano e obsuro de que falei acima. Outas boas músicas são Sparrow On The Schoolyard Wall, When Jesus Came To Play, que tem umas pitadas de blues, e Roll Yer Own, que soa bem folk.

No ano seguinte é lançado um disco ao vivo gravado em vários shows no começo do ano, chamado A Little Light Music (1992). Nele quem toca bateria é um outro membro do Fairpot Convention, Dave Mattacks. É um dos melhores ao vivo do Tull, como é semi-acústico algumas músicas antigas foram trabalhadas em novo formato, o que deu um resultado espetacular, como em Pussy Willow, Under Wraps e Too Old To Rock ‘N’ Roll: Too Young To Die. Além disso em Bourée eles tocam o primeiro movimento do Concerto para Dois Violinos em Ré Menor, de Bach.
Após os shows em que ocorreram a gravação desse disco, Doane Perry reassume seu posto na bateria e Andy Giddings, que havia feito uma participação especial em Catfish Rising se junta oficialmente ao Tull nos teclados.

Em 1993 acontece mais um lançamento de peso na discografia Tulliana, a caixa especial em comemoração do aniversário de 25 anos da banda. A caixa contém 4 CD, sendo eles: CD 1 – Remixed Classic Songs, CD 2 – Carnegie Hall, NY Recorded Live (New York City 1970), CD 3 – The Beacons Bottom Tapes e CD 4 – Pot Pourri Live Across The World & Through The Years.
O CD 1 contém versões remasterizadas de clássicos do Tull, de 1968 a 1982. O CD 2 é um ao vivo gravado em Nova York em 1970, comentei sobre ele no início do artigo. O CD 3 são músicas clássicas do Tull gravadas pela formação da época do lançamento da caixa, e contém várias coisas interessantes, como a música So Much Trouble, que é bem antiga, e foi tocada nas sessões da BBC no final de 68 e início de 69, ainda com Mick Abrahams na banda, e não havia sido lançada oficialmente antes. Também tem uma versão diferente de Living In The Past, com gaita, e uma bela versão de Cheerio, com 4 minutos de duração. Protect And Survive ganhou uma cara nova em uma maravilhosa execução acústica e elétrica de Martin Barre. Uma curiosidade é que o Ian não toca nessas duas últimas faixas, que são fantásticas. Outras duas que eu adoro são a versão alongada de A New Day Yestreday e a versão instrumental e elétrica de The Whistler.
O CD 4 apresenta músicas de várias apresentações do Tull ao redor do mundo e através dos anos, como o título do disco diz. Contém coisas como Passion Play Extract, um pedaço de A Passion Play tocado em 1975, Back To The Family e To Be Sad Is A Mad Way To Be tocadas em 1969, uma Medley de Wind-Up, Locomotive Breath e Land of Hope And Glory tocada em 1977, além Seal Driver em 1982 e Nobody’s Car e Pussy Willow em 1984. O restante do disco é de apresentações de 1991 e 1992. Além disso foi lançado um cd duplo chamado The Best Of Jethro Tull: The Anniversary Collection (1993), uma coletânea de músicas remasterizadas dos álbuns de 1968 a 1991.

jethro-tull-90sHouve também o lançamento de um vídeo, mostrando uma reunião do membros antigos e então atuais da banda, com entrevistas e conversas com muitos deles, que falaram de coisas como o motivo da saída do Tull, o que estava fazendo até aquele momento, etc. Além disso entre as entrevistas tem várias partes de clipes de diversas épocas, gravações em programas de TV em 70, o clipe gravado pra turnê de 73 onde Jeffrey narra a história da lebre que perdeu seus óculos, clipe de 75 do Minstrel In The Gallery, clipe de Kissing Willie, além de algumas músicas gravadas pela formação da época, como A New Day Yesterday, entre outros. Em 2004 saiu o DVD A New Day Yesterday: the 25th Anniversary Collection 1969-1994, que trás as entrevistas do encontro, 7 clipes completos e excertos de muito outros.

Mas o ano de 1993 ainda não havia acabado, e outro grande lançamento chegou às mãos dos fãs esse ano. Nightcap, um álbum duplo. O primeiro CD trás 13 faixas, todas gravadas em 1972, quando a banda trabalhava no próximo disco após o TAAB. Dentre elas as três últimas já haviam sido lançadas anteriormente, na caixa de 20 anos, em uma única longa faixa. É um disco muito bom, que lembra o A Passion Play em várias partes. Contém a bela Animelée, Law of The bungle e Law of The Bungle Part 2, na qual Martin Barre fala no começo, além das maravilhosas Critique Oblique e Post Last, e das três faixas de que falei antes. Um grande disco de uma época que ficou esquecida por um longo tempo. O CD 2 contém várias faixas inéditas de 81 e do período que vai de 89 a 91, além de algumas de 74, 75 e 78.
Em 1995 o Tull lançou um novo disco, chamado Roots To Branches (1995). Dave Pegg chegou a tocar baixo em três músicas dele, mas então deixou o Tull para poder se dedicar apenas ao Fairport Convention. Dave nunca saiu do Fairport, e tocava nas duas bandas ao mesmo tempo. O baixista convidado Steve Bailey tocou no resto do disco, mas quem tocou na turnê foi o novo integrante do Tull, Jonathan Noyce. Essa formação (Ian Anderson, Martin Barre, Doane Perry, Jonathan Noyce e Andy Giddings) foi a mais duradoura do Tull, os cinco tocaram juntos até 2006.

O Roots To Branches (1995) é um álbum excepcionalmente bom, um dos melhores, senão o melhor, desde Stormwatch, apesar de eu gostar muito dos outros que existem entre os dois. O disco tem muitas influências orientais e árabes, e Ian toca flauta de bambu em várias faixas neles. A faixa título abre o disco, com Ian na flauta de bambu e um clima sombrio, alternando momentos calmos com outros mais pesados, trás uma progressividade que não era vista no Tull há algum tempo. Rare And Precious Chain segue na mesma linha, com visível influência árabe. Dangerous Veils é outra ótima música, com direito a uma ótima passagens instrumental com destaque para os teclados e a guitarra. Wounded, Old and Treacherous é uma música longa, começa num ritmo legal, depois fica lenta e Ian canta meio que falando, e do meio em diante ela vai crescendo e aumentado o ritmo pra depois voltar a ficar lenta e finalmente terminar numa explosão progressiva maravilhosa. Um grande álbum que trás um Tull renovado e surpreendente.

jethro-tull-1999Em 1999 sai o disco J-Tull Dot Com (1999), que como o nome sugere, faz propaganda do recém criado site da banda (j-tull.com). É um disco controverso, e divide opiniões entre os fãs. Pra mim ele ainda é um disco esquisito, as vezes gosto mais dele do que outras. Mas o fato é que ele trás música boas e outras que ficam abaixo do restante da produção do Tull. Ele é aberto pela música Spiral, que tem um ritmo legal e um solo de Barre, sustentado pelos bem colocados teclados de Giddings. El Niño é outra faixa interessante, com um certo clima de suspense.
O século 21 traria vários discos ao vivo, e também os álbuns de estúdio (até o Roots To Branches), e alguns ao vivo mais antigos, em versões remasterizadas. Além da qualidade sonora, a maioria dos remasterizados tem faixas bônus vindas de singles, versões ao vivo ou sobras de estúdio da época do disco, e que complementam muito bem os álbuns. Grande parte das faixas bônus já haviam sido lançadas nas caixas especiais de 20 e 25 anos, mas é muito interessantes tê-las junto do álbum de estúdio de sua época. O remaster de A Passion Play trás um vídeo bônus da The History Of The Hare Who Lost Her Spectacles, e o do A trás como bônus o DVD Slipstream, da época da turnê do álbum. Um remasterizado muito importante é o do The Broadsword And The Beast, já que a qualidade da masterização original desse CD era lamentável. Além disso ele trás 8 faixas bônus, todas elas são da época do álbum mas ficaram de fora dele, e, segundo Dave Pegg disse certa vez, elas (mais Motoreyes, que saiu na caixa de 20 anos e é da mesma época) teriam dado um álbum melhor do que o Under Wraps, e eu acho que ele estava certo. A versão remasterizada de War Child trás sete bônus muito boas, incluindo a até então inédita War Child Waltz.

Em 2002 sai o disco ao vivo Living With The Past (2002), que é lançado também em DVD. A maioria das faixas é gravada num show de 2001, e outras no estúdio na casa do Ian, etc. É um show muito bom, com várias faixas antigas e algumas pouco tocadas ao vivo. Além disso os integrantes da banda dão vários depoimentos interessantes entre as faixas, e há clipes de uma reunião da primeira formação da banda, tocando músicas da época, como Some Day The Sun Won’t Shine For You.

Em 2003 é lançado o The Jethro Tull Christmas Album (2003), que contém antigas faixas natalinas do Tull regravadas, e algumas novas músicas. O disco conta com a participação de James Duncan, filho do Ian, na bateria em várias músicas, Dave Pegg aparece em A Christmas Song tocando bandolim, e no baixo em Another Christmas Song. Além disso um quarteto de cordas toca na inédita First Snow On Brooklyn. Outras inéditas muito boas são Greensleeved, faixa de autoria atribuída ao rei inglês Henry VIII, além de Holly Herald e A Winter Snowscape. God Rest Ye Merry Gentleman, que Ian toca em solos de flauta desde os anos 70 ganha enfim uma versão definitiva e maravilhosa. O disco ainda contém regravações de clássicos como Bourée e Weathercock.

Ainda em 2003 é lançado o DVD A New Day Yesterday – 25th Anniversary Collection, 1969-1994, e em 2004 o disco e DVD ao vivo Nothing Is Easy: Live At Isle Of Wight, ambos já comentados nesse artigo. Em 2005 sai o DVD solo de Ian Anderson chamado Ian Anderson Plays The Orchestral Jethro Tull, onde ele e sua banda solo tocam com uma Orquestra os grandes clássicos da banda. A banda solo de Ian era composta por James Duncan na bateria, Florian Opahle na guitarra, David Goodier no baixo e John O’Hara nos teclados e acordeon, esses dois últimos fariam parte do Tull mais tarde.

jethro-tull-2006Após esse DVD, foram feitos vários shows com Orquestra, e Ian começou a se aproximar bastante da música clássica. Essa influência acabou se refletindo também no Tull. Aliás, nesse ponto uma coisa precisa ser dita. A banda solo do Ian e o Tull começaram a se confundir, eram feitos shows do Tull com uma mistura da banda solo e do membros oficiais do Tull, até que um tempo depois, na página sobre os membros no site da banda os membros da banda solo do Ian, os do Tull e algumas violinistas convidadas especiais passaram todos a ser creditados como membros do JT, como uma grande “família Tull”. Ainda em 2005 é lançado o disco ao vivo chamado Aqualung Live (2005), onde é tocado todo o álbum Aqualung (1971), de 1971.

Em 2005 e 2006 o Tull tocou com uma convidada especial, a violinista Lucia Micarelli. Nesse período foram tocadas alguns covers, como de Kashmir, do Led Zeppelin e Bohemian Rhapsody, do Queen. Micarelli também tocava o Concerto para Violino em Dm, do compositor erudito Jean Sibelius. Uma outra belíssima composição dessa época é a música Moz’ Art Medley, que contém partes de diversas músicas famosas de Mozart. Uma música fantástica, com Ian na flauta e Lucia no Violino. Há um vídeo fantástico de 2006 de um show em homenagem a Mozart chamado Spirits Of Mozart, em que tocaram vários artistas, e nele Ian e Lucia tocam a Moz’ Art Medley e também Bourée. É de encher os olhos, realmente lindo. Outras violinistas também tocaram com a banda, como Anna Phoebe e mais recentemente Ann Marie Calhoun.

Em 2007 foram lançados um coletânea de músicas acústicas chamada The Best Of Acoustic Jethro Tull, e o Cd e DVD do show de 2003 chamado Live At Montreux 2003 (2007). O último é muito legal mesmo, mas infelizmente ainda não tive a oportunidade de ver o vídeo.

jethro-tull-2007Nos shows de 2007 David Goodier toca baixo e John O’Hara assume os teclados. Nos shows desse ano foi apresentada ao público uma nova versão da música Aqualung, uma versão completamente diferente e maravilhosa. Não são muitas as bandas que podem se dar ao luxo de desconstruir e refazer completamente um de seus maiores e sucessos e produzir uma coisa tão grandiosa quanto a que foi feita pelo Tull. Com 10 minutos de duração, ela começa devagar, com teclado e baixo, pra depois entrar a flauta de Ian. Isso mesmo, essa Aqualung tem flauta, e muita! E o violino de Ann Marie Calhoun também está sempre presente. Lá pelos 2 minutos começa a ficar mais rápida, e Ian vai levando na flauta até chegar a hora do solo, também modificado, de Martin Barre, que é seguido por mais flauta e solos de teclado (muito bem executado por O’Hara) e de violino. Momentos depois a música volta a lembrar a versão clássica, e depois termina com Ian na flauta de novo. Simplesmente maravilhosa.

No início de 2008 a página dos membros no site da banda muda e os dois são agora membros oficias, Jonathan Noyce e Andy Giddings saíram. O grande número de músicos é reduzido, os oficiais agora voltam a ser cinco e Anna Phoebe, James Duncan e Florian Opahle aparecem como convidados ocasionais.
No primeiro dia do ano Ian coloca um grande texto no site, onde fala dos planos para esse ano, num tom divertido e cheio de brincadeiras e ironias. 2008 é um ano especial pois o Jethro Tull completa 40 anos de existência, e Ian anuncia a turnê dos 40 anos além de um novo DVD para comemorar a data. Segundo ele será o DVD definitivo sobre a história da banda, contando com participação de diversos ex-membros, inclusive Jeffrey Hammond-Hammoond, que deixou a abnda para se dedicar à pintura, é o artista que fará a arte da capa do DVD!

Aos fãs resta esperar por esse lançamento, e por um novo disco de inéditas, já que faz tempo desde o último lançamento dessa banda magnífica, versátil, e extremamente competente que é o Jethro Tull!

17 comentários em “40 Anos De Jethro Tull”

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